domingo, 19 de setembro de 2010

diversidade

o indiferente
encontrou o diferente
e nada mais foi igual
AC – Sampa, 08/2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

palavras amigas

palavras antigas
esquecidas desusadas
carregam o peso e a graça
das eras passadas

as novas palavras
abre-alas da linguagem
verberam idéias e rumos
da humana viagem

palavras eternas
resistem às lixas do tempo
não perdem o brilho
são sempre modernas

palavras palavras palavras
companheiras de viagem
amigas que como nós
estão aqui de passagem

AC – Sampa, 15/09/10

terça-feira, 14 de setembro de 2010

vendo

vendo teus olhos
desnudo desvendo
tudo à vista

AC – Sampa 14/09/10

o encontro e a espera

a espera se prolonga
exasperantemente
o encontro se eterniza
instantaneamente

Alberto Centurião
Sampa 09/04/2008

sábado, 11 de setembro de 2010

11/09

Quando o pássaro de aço varou a torre espelhada
a serpente imperial foi ferida no coração.
Mas não mortalmente,
pois tem muitos corações
e é por isso que a serpente imperial não tem coração.

Alberto Centurião

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

berço

cama de brasas
brasil
ardendo na noite
Brasil
luzindo nas trevas

Brasil me abrasa
e à luz deste braseiro
(e à luz deste Cruzeiro)
eu sou
(pau-brasil)
brasileiro

(AC, de "- Livrinho!", 1986)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Desacato à autoridade

A liberdade que tenho
é aquela que eu mesmo cavo
Esse luxo tem um preço
que de bom grado eu pago
Mas não pode ser só minha
a liberdade que trago
Ser livre é ser dividido
para ser multiplicado
Onde um homem não é livre
todo mundo vira escravo
Estou nisso até o pescoço
estou contigo e não abro
Pela nossa liberdade
contra todo descalabro
Onde houver autoridade
chegue o nosso desacato
Alberto Centurião
Sampa, 28/09/2007

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

condicional

atrelado a culpas
pendurado em hipóteses
fermentando mágoas
decantando medo
mais por sorte que por mérito
há quem conjugue o presente
no futuro do pretérito

Sampa 07/01/2008

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

dádiva da vida

tanto que eu quis
tão pouco consegui
sem querer tanto fiz

a gente faz planos
que o tempo esboroa
outros vêm com os anos

perdedor perdulário
que ganhou sem querer
labutando ao contrário

sem culpa envelheço
sabendo que o fim
é melhor que o começo

Alberto Centurião
Rio, 30/11/2007