quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Mais uma dose
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
domingo, 13 de dezembro de 2009
extravagância
minha mente vaga
vagamente
extravagante
pensamentamorfoses
metapensaformoses
formosas metamorfoses
Alberto Centurião
Sampa 11/12/2009
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Viver faz mal à saúde
Só teme a morte quem tem culpa no cartório
A passagem do tempo é dado positivo
Desgasta-se este gasto corpo provisório
A fim de revelar-se o ser definitivo
Um dia para todos chega o fim da linha
Mais vale estar bem morto que mal estar vivo
Um corpo sobre a terra é sombra que caminha
Da eternidade a vida é só o aperitivo
Viver faz mal à saúde, eis a questão
O velho tempo, com seu fluido deletério
Faz o serviço e nos ensina uma lição
Espírito no espaço, corpo no velório
No dia em que a chave gira no mistério
A experiência vale mais que o palavrório
Alberto Centurião
Sampa, 06/08/2004
tempus fugit
gota gota gota
pinga pinga pinga
tic tac tic tac tic tac
tempo escorrendo
vida esvaída
vaza em vão
temporário provisório
sem registro no cartório
o feito por atenção
foi em vão
as coisas que fiz
por puro impulso ao acaso
nessas fui feliz
Alberto Centurião
Sampa, agosto/2009
sábado, 24 de outubro de 2009
terça-feira, 20 de outubro de 2009
sábado, 15 de agosto de 2009
Duas luzes
Ela era frágil, graciosa, doce flor.
Ele adoeceu, ficou frágil, definhou.
Ela cuidou, protegeu, paparicou.
Enquanto ele vulnerável se tornava
Ela forte, serena, o sustentava.
Enquanto uma luz potente se apagava
Outra luz mais radiosa se tornava.
Cada uma adquirindo seu valor:
Fragilidade, força e o poder do amor.
Sampa, agosto/2009.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
quadrinha efêmera
a memória grava e depois esquece
de tudo aquilo que me acontece
o que passa é o que permanece
Alberto Centurião
Sampa, agosto/2009
terça-feira, 21 de julho de 2009
segunda-feira, 27 de abril de 2009
a devassa
a bisbilhotice repentina
das meninas dos olhos da menina
Alberto Centurião
Sampa 26/04/2009
sábado, 14 de fevereiro de 2009
uma coisa qualquer
uma cutícula partida
uma meia furada
um cabo fora da tomada
um plenilúnio em plena luz do dia
não importa o que seja tudo pode ser poesia
porque a senha secreta
está no olho do poeta
que extrai do objeto
o seu apelo secreto
produzindo a imagem
que traduz em linguagem
o verbo impronunciável
que diz a verdade inconfessável
com tamanha leveza
que quase não se percebe o horror debaixo da beleza
Sampa 14/02/2009
sábado, 31 de janeiro de 2009
Velhice
quando menos se espera
chega o dia longamente esperado
mais temido que desejado
em que te tornas o mais velho do teu clã
de tua estirpe o mais remoto ascendente
pelo simples motivo que todos os outros
que te antecederam na vida
também antes de ti se retiraram
pelo conta gotas da morte
e tens que te habituar a um novo papel
doravante serás o ancião
a presidir o conselho dos anciãos
o avô o pai o tio o velho
o conselheiro o caduco
o mais mimado imprestável
aquele que todos querem ou repelem
até quando por vacância
cumpra-se a linhagem sucessória
porque enfim te tornaste
a mais recente entre as ausências
penduradas na memória
Sampa 22/01/2009