A gente pequena da cidade grande sonha sonhos pequenos de gente pequena, que deseja coisa pouca para suprir suas grandes fomes.
A
vida pequena dessa gente pequena transcorre sem grandes acontecimentos. Até
suas grandes dores parecem pequenas, seus grandes esforços alcançam pequenos
resultados.
Seus
grandes amores são tão comezinhos que nem parecem amores, parecem cuidados.
Porque eles se dão nas pequenas coisas. Pequenos presentes, pequenos favores,
opiniões irrelevantes, sobre assuntos triviais.
Vivências
pequenas, de alcance reduzido. Bem e mal em modestas porções.
Na
grande escola aprendem pequenas lições e de pouco em pouco, pedaço a pedaço,
costuram essa colcha de retalhos do berço esplêndido que fala o hino, em que
nos entranhamos todos, recortados e remendados, rejuntados uns aos outros,
anônimos ladrilhos desse painel monumental da cidade grande.
Alberto Centurião - Sampa, 13/09/2007
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