sábado, 28 de novembro de 2020

Patchwork Social

 

A gente pequena da cidade grande sonha sonhos pequenos de gente pequena, que deseja coisa pouca para suprir suas grandes fomes.

A vida pequena dessa gente pequena transcorre sem grandes acontecimentos. Até suas grandes dores parecem pequenas, seus grandes esforços alcançam pequenos resultados.

Seus grandes amores são tão comezinhos que nem parecem amores, parecem cuidados. Porque eles se dão nas pequenas coisas. Pequenos presentes, pequenos favores, opiniões irrelevantes, sobre assuntos triviais.

Vivências pequenas, de alcance reduzido. Bem e mal em modestas porções.

Na grande escola aprendem pequenas lições e de pouco em pouco, pedaço a pedaço, costuram essa colcha de retalhos do berço esplêndido que fala o hino, em que nos entranhamos todos, recortados e remendados, rejuntados uns aos outros, anônimos ladrilhos desse painel monumental da cidade grande.

Alberto Centurião - Sampa, 13/09/2007

Foto https://www.facebook.com/cirandadepanoartesanato/photos

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