Não me venha falar
Das desgraças do mundo.
Me desculpe, eu não ligo.
Não me venha dizer
Que nas periferias
Viver é castigo.
Não me venha contar
Das famílias com fome,
A viver sem abrigo.
Não me venha gritar
Sua raiva engasgada
De mulher em perigo.
Não me fale em racismo
Pois se acaso isso existe
Não é nada comigo.
Não me venha chorar
As misérias da terra,
Hecatombe ou castigo.
Não proteste ou lamente
Sobre o meio-ambiente,
Eu não li esse artigo.
Não me venha de birra
Contra o capitalismo
Abusivo e antigo.
Não me venha clamar!
A tragédia da guerra
Não tem nada comigo.
Que eu estou envolvido
Num caso de amor
Com meu próprio umbigo.
AC – Sampa, 26/11/2020
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