segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A chegada da felicidade

A felicidade farfalha suas asas de fada em volta de mim. Abraça-me com seus braços inefáveis e fustiga meu coração com rajadas de vento renovador. A felicidade é uma semente plantada em vias de germinação, um sonho ainda apenas entrevisto, uma sensação que já inspira emoções mas ainda não foi racionalizada. Invisível, porém sensível, é véspera, vésper, madrugada.
Dizem que ela não existe porque não conseguem tocá-la, afagá-la, catalogá-la, classificá-la, aprisioná-la. Não se tocam que é ela que toca, afaga, anima, alenta, acaricia. Transcende a catálogos, classes e categorias, sopra onde quer e chega quando bem entende, porque só ela sabe a hora certa de chegar. Porque é livre, ou melhor, porque é liberdade.
A felicidade quando vem transforma tudo, começando por mim ou, antes ainda, pelo hálito mental que exala minha mente atormentada. Primeiro algo se transforma à minha volta sem que eu me dê conta, depois me dá uma vontade de cantar, uma emoção imprecisa se avoluma e vai tomando conta de mim. Somente depois é que começam a chegar idéias, mas antes delas ainda uma vontade de agir, fazer acontecer não sei precisamente o que.
É então que me ponho em ação, reverberando o movimento interior que já todo me anima. Para agir preciso pensar, plasmar, elaborar, urdir um plano, traçar um caminho, projetar um destino, fazendo existir a vergôntea, broto, plantinha, do que antes era apenas semente, gérmen, hipótese. Rompendo a semente, a pretensa árvore espia fora do solo em projeção antigravitacional do solo ao sol, brotação fragílima e já árvore, como sempre houvera sido desde semente.
Tocado por essas asas inefáveis, rebento-me em idéias novas e alço vôo rumo à felicidade de fazer o que me apraz, sem nem sempre perceber que o que faço é apenas o reflexo de um movimento maior, que se dá em sentido inverso, quando a felicidade vem de não sei onde e se aproxima de mim.
Sou grato a esse influxo generoso que me felicita com idéias, metas, projetos. Sinto-me tão bem em realizá-los, a tal ponto me identifico com eles, que às vezes chego a pensar que são meus esses projetos, minhas essas idéias, e que a meta mal por mim entremirada seja de fato a meta a ser um dia alcançada.
AC - Sampa, 19/09/2010.