sábado, 31 de dezembro de 2011

mais

mais hum ano que se vai
que venha mais humano

(Sampa, 31/12/2011)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Escrever poesia

Será fuga escrever poesia?
Tanta coisa acontecendo o mundo desmoronando
e o poeta concertando as palavras sobre a linha
vivendo da mão pra boca entre o quarto e a cozinha
tanta coisa produtiva o poeta poderia
mas cisma escrever poesia

Vale a pena fazer poesia?
Uma coisa assim desimportante
tão sem valor de mercado não rende juros de mora
inútil à economia e aos jogos de poder
por que gastar tempo e tinta
com códigos obscuros que pouca gente valora

Será um tolo o poeta?
Que sabe falar bonito é inquestionável
mas sabendo assim falar com tal estro e maestria
que falas produziria se falasse claramente
coisas práticas e úteis ao mundo real atinentes
influenciar e produzir o poeta poderia

Será recuperável o poeta?
Os amigos do poeta se não dizem se perguntam
se em vez de gastar seu verbo com flores verbais
que não faria o poeta entre flores vegetais
qualquer serviço ou produto teria melhor vendagem
do que essas gratuitas graças dos enigmas geniais

Será feliz o poeta?
Sabendo bem dessas coisas ele sorri com amargura
se as folhas produzidas fossem folhas de verdura
quitandeiro ou quituteiro de sucesso poderia
mas sua felicidade está em compartilhar
essa coisa indefinível inútil bela terrível

Vale a pena a poesia?
Se eu morresse amanhã pensa o artífice imprestável
por que seria lembrada no mundo a minha passagem
se não pela seiva inútil dessas mensagens cifradas
pelas quais eu distribuo coisas que não têm preço
a gente que não sei quem que sente como eu também

AC - Sampa 19/11/2007

domingo, 18 de dezembro de 2011

minha vida é um faz de contas impagáveis
meus assuntos são defuntos insepultos
e a lua é só uma bola pelo espaço

(AC - Sampa, 18/12/2011)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

eu não tenho Deus
ele é que tem
a todos
e a mim

AC – Sampa, 15/12/2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

instabilidades ocasionais

um dia ensolarado
outro dia enxovalhado

AC – Sampa, 11/12/2011

visão

meus olhos sedentos
bebem do teu olhar
meu peito jorra luz

Alberto Centurião
Sampa, 04/01/2008

Oferta

vendo teus olhos
desnudo desvendo
tudo à vista

AC – Sampa 14/09/10

sábado, 10 de dezembro de 2011

caindo fora

cansei da idade do bronze
vim de mudança pra dois mil e onze
mas não deu certo estou caindo fora
um tempo novo só se for agora
envelheço mas não perco a pose
vou curtir a vida em dois mil e doze

AC - Sampa, 10/12/2011