Mas um pão, por mais que quente, casquinha estalando,
não tem assunto para duas folhas.
Então, pão capitalista,
mecenas involuntário,
cede o que lhe sobra ao poeta
que faz o poema de uma folha de papel de pão.
Beneficiados por um erro do moço da panificadora,
que, por distração ou falta de prática,
lambeu mal o dedo,
o pão e o poeta compartilham o papel de pão
enquanto aguardam o dia de ser por todos compartilhados.
Alberto Centurião
Sampa década de 80
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