Longe de tudo e de todos,
Numa casinha vazia,
Cheia de planos e sonhos
Vivia uma linda guria.
O que ela mais desejava
– Queria mas não conseguia –
Era mandar tudo às favas,
Mas dali não sairia.
Porque o lugar dessa casa
Assim ermo e desolado,
Era o palco adonde estava
Seu destino escrevinhado.
Aquela linda criança
Já nem tão criança assim
Um dia cortou a trança,
Sorriu e olhou pra mim.
Caipira tão acanhado
Não sabia o que fazer,
Tive um medo disgramado
Do seu olhar me prender.
Pois era assim que seria,
A partir desse momento:
O olhar dessa guria
Me prendeu o pensamento.
Eu fiquei dela cativo,
Sem graça e muito sem jeito.
Chorava sem ter motivo,
Tinha um aperto no peito.
Mas os dias se passando
Mostraram que do outro lado
A guria me olhando
Tinha um jeito encabulado.
Pra encurtar nossa história,
Depois de dois ou três anos
Eu pude cantar vitória:
Lá na vila nós casamos.
Tivemo um cacho de filho
E pouca coisa guardada,
Só uma roça de milho
Pra criar a filharada.
Mas foi uma vida boa,
Com nosso jardim de flor.
Ai, como o tempo se avoa
Nos braços do meu amor.
Mas nosso amor não se acaba.
Hoje aqui noutra morada,
A cabocla dedicada
Inda é minha namorada.
AC – Escrita inspirada, sem identificação.
Sampa, Agosto/2007.
Amigo Alberto Centurão, amei esta obra prima...quantas emoções numa única realidade! Envolveu-me num mundo que estava longe de mim, sonhos, simplicidade , origens e histórias do meu amado pai. Com certeza irei ler este MARAVILHOSO POEMA... já sei qual será sua reação,mas volto a lhe escrever. Meu amado pai tem 88 anos, acamado e completamente lúcido, com vigor e de bem com a vida, sempre com um belo sorriso!
ResponderExcluirParabéns pelo maravilhoso POEMA, intenso e amoroso! Vera Lucia Siqueira.
Querida amiga, agradeço por suas palavras carregadas de emoção. Despertar reações como essa é o que o poeta deseja. Obrigado.
ResponderExcluir