sábado, 22 de setembro de 2012

Quimera estúpida


Um vento lúgubre agita, viscoso,
o ar fétido e gelado
da metrópole agitada.

A mente fatigada
perambula em estado comatoso
entre corpos agitados.

Uma esperança se debate agonizante
mas se agarra, obstinada,
a uma estúpida quimera.

AC - São Paulo, 18/08/2001

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

quase


está faltando café nesse café com leite
está faltando poema nesse poema conceito
está faltando pão nesse pão com geleia
está faltando amor nesse amor perfeito

AC Sampa, 21/12/2011

sábado, 15 de setembro de 2012

História de outro tempo

Longe de tudo e de todos,
Numa casinha vazia,
Cheia de planos e sonhos
Vivia uma linda guria.

O que ela mais desejava
– Queria mas não conseguia –
Era mandar tudo às favas,
Mas dali não sairia.

Porque o lugar dessa casa
Assim ermo e desolado,
Era o palco adonde estava
Seu destino escrevinhado.

Aquela linda criança
Já nem tão criança assim
Um dia cortou a trança,
Sorriu e olhou pra mim.

Caipira tão acanhado
Não sabia o que fazer,
Tive um medo disgramado
Do seu olhar me prender.

Pois era assim que seria,
A partir desse momento:
O olhar dessa guria
Me prendeu o pensamento.

Eu fiquei dela cativo,
Sem graça e muito sem jeito.
Chorava sem ter motivo,
Tinha um aperto no peito.

Mas os dias se passando
Mostraram que do outro lado
A guria me olhando
Tinha um jeito encabulado.

Pra encurtar nossa história,
Depois de dois ou três anos
Eu pude cantar vitória:
Lá na vila nós casamos.

Tivemo um cacho de filho
E pouca coisa guardada,
Só uma roça de milho
Pra criar a filharada.

Mas foi uma vida boa,
Com nosso jardim de flor.
Ai, como o tempo se avoa
Nos braços do meu amor.

Mas nosso amor não se acaba.
Hoje aqui noutra morada,
A cabocla dedicada
Inda é minha namorada.

AC – Escrita inspirada, sem identificação.
Sampa, Agosto/2007.