quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Loas ao gato

Um gatinho deitado no meu colo, com a cabeça apoiada em meu braço é a sensação mais próxima de paraíso que minhalma consegue alcançar. Sentir sua respiração ao compasso do lento pulsar da barriga é pressentir Deus como veio ao mundo, sentir em estado puro. O gato é a obra prima da criação, o animal em estado de perfeição. Tudo mais que vive foi tentativa de fazer o gato, menos bem sucedida. O reino animal é o rascunho do gato.

Tudo bem que o ser humano tem o raciocínio contínuo e se confunde com isso e escreve discursos inteiros sobre o que pensa que sente, mas quem consegue sentir como um gato? Quem consegue abraçar como um gato? Aconchegar-se como um? Quem sabe ser tão solidário, podendo ser solitário? Quem é capaz de ser feliz com um afago? Quem consegue prescindir de um, como o gato?

Domingo sem tédio, sono total em qualquer cama de pedra, tudo isso sem falar na sua elegância natural, seu à-vontade no mundo, coisa de dominante da cadeia alimentar. Que o gato é a mais perfeita máquina de guerra jamais construída, por isso sabe viver em paz. E a beleza do gato, que gato feio não existe, quem pode se comparar? Quando o homem tentou viver sem gatos não deu certo, porque veio a peste negra e depois dela outras pestes. Os gatos vivem sem os homens, e muito bem, se quiserem, mas gostam de nós e por isso fazem uma concessão e nos felicitam com a sua companhia. Dádiva generosa da mãe natureza, modelo de perfeição colocado ao nosso lado para que nós, seres tão sem jeito e desengonçados, tenhamos um modelo a imitar, com quem aprender para sabermos melhor quem ainda queremos ser.

Alberto Centurião - Sampa, 22/10/2007

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