terça-feira, 8 de novembro de 2011

Eu gosto de gente

É bom encontrar pessoas,
abraçar corpos humanos,
conviver, conversar.
Passear, intercambiar pensamentos,
estimulando a mente à renovação criativa.
É nas trocas afetivas que me reconforto e reencontro.
Tem gente que gosta de bichos,
gente que gosta de plantas.
Eu gosto de plantas e bichos,
mas gosto mesmo é de gente.
Com seu alarido, seu desengonço,
seu mau-humor e cansaço.
Gente que não se encontra,
que se desencontra e discute e se bate.
Gente que pensa e, mais do que sente, pressente.
Gente voluntariosa, que não obedece,
que pensa e discorda.
Gente cheia de vontades,
que não sabe ao certo o que quer,
mas sabe que quer e tenta encontrar,
sabendo tão bem o que faz questão de perder.
Gente que pode ser muito decente,
mas que não é inocente.
Nada melhor que o bicho-gente,
das reações impertinentes.
Imprevisível animal,
ante o qual não convém, jamais, se desarmar.
Ser da mesma natureza,
o único com o qual podemos dialogar.
Manso ou fera, o bicho-gente
é o companheiro perfeito para fazer desta terra
meu inferno indispensável
e meu paraíso possível.

AC, mil novecentos e oitenta e poucos.

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